E se fosse Setembro outra vez, voltavas a ir?

Sim! Voltava a ir sem qualquer dúvida no entanto se pudesse escolher fazia as coisas de forma diferente. Se pudesse escolher a altura escolhia fazer Erasmus mais nova, com 19 ou 20 anos, escolhia ir fazer cadeiras e se fosse solteira melhor (é muito mais difícil com namorado). Se tivesse sido assim teria tido mais tempo livre e mais energia para acompanhar o resto do grupo nas festas loucas e quase diárias. Caso não pudesse escolher a altura e fosse novamente para fazer a tese, teria escolhido fazer numa empresa e num país mais perto ou mais fácil de ir a Portugal. Porquê uma empresa?! Porque estaria num sítio onde talvez pudesse ter emprego depois da tese e porque estaria rodeada por pessoas mais velhas que talvez tivessem mais a ver comigo. Apesar disto tudo foi uma experiência incrível a nível académico mas principalmente a nível pessoal e por isso mesmo não me arrependo de nada. Foi dificil mas agora que estou de volta foi muito bom, conheci pessoas incriveis. 

E com isto chega o último post desta saga. Para já o blog não vai fechar,vai só ficar em standby até que eu saiba o que será da minha vida. Quem sabe se a Popota (e o Popoto =P) não vão até outras paragens!

Deixo-vos as fotos da minha chegada!

Um grande obrigada aos meus pais, ao Igor por me fazerem companhia à distância nestes 6 meses e por terem feito com que isto tenha sido possível!

Imagens do terror dos últimos dias

 Apesar do caos acabei por conseguir trazer tudo e não pagar uma pequena fortuna. Foram 45 kg de bagagem de porão e uma mochila e um saco na cabine. Uma aventura!!

CONTAGEM DECRESCENTE #7: A família!

(P.S.: Isto hoje tem de ser rapidinho que tenho algum trabalho)

Ora bem hoje venho apresentar-vos oficialmente os meus portugueses, aqueles que foram a minha família nos últimos seis meses e sem os quais isto não teria tido metade da graça. Cada um deles é único à sua maneira e foram de facto a minha família, estar com eles era estar em casa mas aqui. Não sei se nos iremos cruzar muitas vezes em Portugal porque todos eles são do Norte mas só por estes meses já valeu a pena. Vou ter saudades, muitas saudades das nossas palhaçadas!

Júnior: o maior palhaço de sempre! O que eu me ri à custa desta pessoa.

Paulo: O meu companheiro, o único que morava na mesma residência que eu e que estava a fazer tese.

João: Nunca vi ninguém falar tão alto! O basqueiro que este homem faz!

Calças: Excelente cozinheiro, escuteiro, bom rapaz e passa noites inteiras acordado a ver filmes! Delira por uma partida de futebol!

Maia: O relações públicas do sítio! Este homem conhece este mundo e o outro e demora mais tempo que uma mulher para sair de casa.

Diogo: O tio do Brasil! Este é o homem que gasta 50 ou 60 euros numa saída à noite tendo que nós  de vez em quando lhe guardar os cartões para se segurar.

Kiko: O fotografo de serviço e se precisarem de um abraço é falar com ele!

Mafalda: A mais internacional visto que arranjou namorado belga.

Ana: A mais esquisita! Lavar talheres?! Nem pensar!

Alice: A maior party-girl de sempre! Esta mulher é imparável!

Todos eles únicos!

Contagem decrescente #6: Os estrangeiros mais marcantes!

Ora esta é uma categoria difícil  É difícil para mim escolher as pessoas (estrangeiras) que eu mais gostei de conhecer porque muitas delas tiveram um impacto de formas diferentes em mim. Quanto aos mais simpáticos e amigáveis devo dizer que sinto falta das meninas belgas! Apesar de termos (todos os portugueses tinha a mesma opinião) ficado com a ideia de que os belgas se acham superiores e de que são uns mimados da pior espécie, as belgas eram das pessoas com quem eu me dava melhor (obviamente estou a deixar os portugueses fora desta categoria). No que toca a pessoas interessantes em termos de cultura é fácil escolher. A pessoa que mais me fascinou e que mais gostei de conhecer não é propriamente um Erasmus. Era um senhor (tem 45 anos) do Iémen que esteve no quarto dos Tugas a morar durante uns 2 meses. Apesar de ser mais velho, era uma pessoa com imensa paciência para os miúdos e chegava mesmo a cozinhar pratos típicos para nós. Foram muitas as conversas de horas que tivemos sobre as diferenças culturais entre os nosso países e foi de facto das experiências mais enriquecedoras. Ele é muçulmano (nada de mais visto que desde miúda fui habituada a ter amigas muçulmanas) e no país dele (só para ficarem com um exemplo) pode-se casar com 4 mulheres (ele só tem uma), as mulheres normalmente não trabalham e os casamentos são arranjados e podem acontecer para aí a partir dos 12-13 anos. Por tudo isto foi de facto uma pessoa que não vou esquecer e quem sabe se um dia não irei de férias ao Iémen?!

Os belgas!

O Khaled com o Kiko e o Calças.

Contagem decrescente #5: A tese!

Desde o início do curso que sempre pensei que fazer a tese seria a coisa mais chata de se fazer. Bem após seis meses de trabalho devo dizer que correu melhor do que eu estava à espera! Vou então explicar-vos sobre o que é a minha tese à laia de: A tese da Popota para tótós!

Ora bem, então todos já ouviram falar sobre o L.casei do actimel?! Então o L.casei é uma bacteria (existem outras como os bifidus dos iogurtes activia) que trás muitos benefícios ao nosso organismo se for ingerida em quantidades certas e chegar até aos nossos intestinos. Ora acontece que como o nosso estomâgo é muito ácido muitas vezes grande parte das bactérias morrem e não chegam ao intestino em quantidade suficiente. Ora o meu trabalho é produzir uma cápsula (é microscópio!) que proteja as bactérias fazendo com que elas cheguem em quantidade suficiente aos intestinos e sejam mais eficazes. Depois de optimizado o processo de encapsulação foi pegar nas cápsulas produzidas e ver se elas eram estáveis nos alimentos (queijo, gelado, leite, iogurte) durante o tempo de armazenamento ( mais ou menos 1 mês) e em condições simuladas do estomâgo e dos intestinos (eu não tinha nenhum estomâgo a fingir, era só uma solução com características semelhantes aos sucos gástricos). E pronto é isto! 

Ontem foi o meu último dia de trabalho! Foi dia de arrumar as coisas e vir embora. Agora só volto lá para apresentar o trabalho na terça-feira. Não fiquei triste por vir embora, senti que o meu trabalho ali estava feito. No entanto é estranho saber que segunda-feira vou acordar e não vou para o laboratório como quase todos os dias ao longo dos últimos seis meses! É um misto de nostálgia com medo provocado pela incerteza do futuro que não se prevê fácil!

Enfim vou deixar-vos algumas imagens das minhas meninas!

  Frasquinhos com as minhas cápsulas!

As cápsulas vistas ao microscópio!

 Apresento-vos  o L.casei!

Querida Mãe,

Para não dizeres que eu não tiro fotografias de neve fresca, aqui vai:

  Frigorífico/congelador improvisado

Contagem decrescente #4: As melhores compras para sobreviver!

Devo dizer que se há coisa que tornou a minha vida mais fácil/confortável por aqui foram 2 items específicos e que nada têm a ver um com o outro!

1º)Varinha mágica!

Se querem fazer refeições normais, se gostam de sopa e não querem ter muito trabalho então aqui têm a solução! Facilitou-me muitíssimo a vida!

2º)Botas bem quentinhas!

                                                 

Meus amigos desde que comprei estas meninas da Timberland que os meus pés nunca mais viram outra coisa! As botas são super quentes e confortáveis e desde que ando com os pés quentes que tenho muito menos frio no resto do corpo! Já não podia passar sem elas!

E pronto por hoje ficamos assim!

Contagem decrescente #3: A pior saída à noite!

Antes de vos falar da melhor saída à noite vou começar pela pior. Não tenho qualquer tipo de hesitação em escolhê-la: Halloween! 

E perguntam vocês: então mas qual foi o problema? Máscaras? Bruxas? Fantasmas?

Não meus amigos nada disso! O pesadelo foi mesmo o bengaleiro! É verdade! A festa de halloween era num clube bastante grande (muito grande mesmo), longe da residência e onde eu nunca tinha ido. Ora à entrada foi preciso deixar o casaco mas, ao contrário do normal, o bengaleiro era fora do clube numa barraquinha improvisada (incomum mas tudo bem!). Casaco para lá e um papelinho com o meu número como é normal. Fiquei com o meu casaquinho de malha e lá fui eu toda contente. Mais tarde, já farta de estar naquele sítio, e antes da maioria das pessoas como é meu costume, decide ir-me embora. Estava farta de ali estar e não ia lá ficar só porque não tinha com quem voltar. Ia sozinha e acabou-se. Acontece que quando fui para levantar o meu casaco (casaco de inverno, comprado antes de vir para cá e caro!!) o raio do papelinho não aparecia!! Eu procurei em tudo o que era lugar: bolsos, mala, carteira, bolsos, mala, carteira e népia! Entretanto liguei ao Maia e ao Júnior porque eles tinham entrado ao mesmo tempo que eu. Enfim às tantas nevava (eu de casaco de malha na rua), eu sozinha e nervosa com a situação e mulher do bengaleiro sem querer saber. Às tantas, o pessoal começava a ir embora e apareceram o Calças e o João para me socorrer quando eu já estava à beira das lágrimas. O Calças deu-me o casaco dele e lá ficaram comigo, e mais alguns amigos que entretanto apareceram, até que a mulher do bengaleiro chamou o segurança para ir comigo buscar o casaco. Conclusão: depois de mais de duas horas ao frio (com os nervos não tinha frio, o pior foi depois quando me acalmei, fiquei gelada), ainda paguei 200 CZK (10 euros) por o segurança ter ido lá comigo e acabei por voltar à mesma hora. Enfim, o pior halloween de sempre!!!!

Foram as únicas fotos que encontrei dessa noite...

P.S.- Talvez a causa de ter perdido o papel tivesse sido ter bebido um bocadinho mais que o normal. A partir de agora guardo sempre a porcaria do papel religiosamente e decoro o número.

Contagem decrescente #2: A inveja!

Quando me mudei para este quarto passei a ter novas companheiras de casa. No quarto ao lado do meu vivem duas espanholas das canárias que se tornaram bastante amigas da outra espanhola que restava. Os espanhóis, regra geral, são muito dado a ghettos, existe aqui um grupinho deles (no qual elas estão incluídas) que a maior parte das vezes só saem uns com os outros e não se dão com o resto das pessoas. No entanto ultimamente isto tem vindo a mudar e já é costume vê-los por aí. Mas o que os quero falar não é do ghetto em si mas sim destas três amigas. Estas raparigas passam a vida aqui, uma vez que apenas uma delas não mora cá em casa, riem, cantam, fazem sessões de cinema, estudam e desconfio que às vezes a tal rapariga (Carmem) chega mesmo a dormir aqui apesar de viver no andar de baixo. Estas três amigas fazem-me lembrar o gang (ver em baixo o que é o gang)! E se é muito chato ser acordada de manhã com elas a rir e aos sussurros (só aconteceu uma vez) tal como também nós incomodávamos as outras pessoas com as nossas gargalhadas histéricas, ficou com um bocadinho de inveja quando sinto o cheiro a pipocas de mais uma sessão de cinema! Isto faz-me pensar quão espectacular teria sido se pudéssemos ter feito isto as três! Acho que teria sido mesmo muito bom!

P.S. - Que foto tão pirosa! Não sei quem teve esta ideia!!

Contagem decrescente #1:  O maior desafio!

Viver sozinha!

Viver sozinha e ter que me virar num país onde não percebo a língua, não conhecia ninguém, ter que cozinhar, lavar roupa, trabalhar 6,7,8 horas por dia, esforçar-me por socializar com pessoas de culturas diferentes, estar longe do Igor, dos pais (e irmão claro) e dos amigos de sempre não foi fácil! Apesar de tudo acho que correu moderadamente bem! Pelo menos fez de mim uma dona de casa como deve ser, fez-me dar muito mais valor à minha vida em Lisboa e que muitas vezes me parecia não ser como eu queria. Apercebi-me que na verdade tinha uma vida muito boa e para a qual estou desejosa de voltar. Isto foi muito bom para me fazer ver as coisas de outra forma, para me fazer crescer (não em altura óbvio!), para conhecer pessoas de culturas diferentes mas agora já chega!

Se voltava a vir?! Hum...isso fica para outro post!